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Crise nas exportações de madeira: tarifas dos EUA e risco de antidumping na Europa trazem incertezas ao setor.

O setor madeireiro brasileiro atravessa um dos momentos mais desafiadores das últimas décadas. Os produtos florestais foram alvo de tarifas impostas pelos Estados Unidos: em 2 de abril deste ano foi aplicada uma tarifa de 10 % sobre produtos brasileiros, e desde julho tarifas adicionais de 40 % têm impactado fortemente a indústria madeireira nacional — especialmente nos estados do Paraná e de Santa Catarina, cujas exportações são fortemente voltadas ao mercado norte-americano. Empresas mais afetadas anunciaram férias coletivas, reduziram suas operações e promoveram demissões que já atingem milhares de trabalhadores, comprometendo a economia de pequenos municípios dependentes do setor. Algumas exportações de madeira – como compensado, madeira serrada e molduras de pinus – registraram queda entre 30 % e 50 % em agosto de 2025.

Além disso, o setor está sob o escrutínio das seções 232 e 301 da legislação comercial dos EUA. A Seção 232 (Trade Expansion Act, 1962) investiga, desde março de 2025, se as importações de madeira e derivados representam ameaça à segurança produtiva americana. A Seção 301 (Trade Act, 1974), instaurada em julho de 2025, apura práticas comerciais brasileiras consideradas injustas, incluindo alegações ligadas ao desmatamento ilegal e a condições de trabalho. Caso as apurações sejam concluídas de forma desfavorável ao Brasil, novas tarifas ou sanções poderão ser impostas.

Simultaneamente, cresce a apreensão com uma decisão preliminar de processo antidumping na União Europeia sobre compensado de pinus brasileiro, cuja definição está prevista para outubro de 2025. Se confirmadas medidas restritivas, o setor poderá sofrer um impacto duplo — restrições ao mercado norte-americano e ao europeu. Soma-se a isso a vigência da EUDR (Regulamentação Europeia contra o Desmatamento), que entrou em vigor em 30 de dezembro de 2024 (ou com exigência plena para empresas maiores a partir dessa data). A EUDR impõe novos requisitos de rastreabilidade e conformidade para produtos florestais — mais uma barreira ao comércio de madeira com a UE.

Embora o governo federal tenha anunciado medidas como linhas de crédito emergenciais, prorrogação de prazos tributários e incentivos temporários para apoiar empresas atingidas, tais ações têm caráter paliativo e são limitadas no horizonte temporal. Para restaurar competitividade, será indispensável avançar nas negociações diplomáticas, diversificar mercados e adaptar produtos e padrões às exigências internacionais. A dependência excessiva do mercado norte-americano revela com urgência a necessidade de ampliar o leque de destinos para exportação.

O ano de 2025 será marcado por incertezas e exigirá grande capacidade de adaptação. Empresários e produtores precisam acompanhar de perto as negociações diplomáticas e agir estrategicamente diante de novas oportunidades. Informação de qualidade e planejamento rigoroso serão determinantes para atravessar esse momento crítico.

A STCP tem monitorado atentamente essas transformações de mercado, analisando tendências e perspectivas. Atuamos apoiando empresas na avaliação de riscos, prospecção de novos mercados e formulação de estratégias de diversificação. Com experiência consolidada em estudos estratégicos e inteligência de mercado, a STCP oferece suporte especializado para que as empresas convertam desafios em soluções competitivas — e mantenham o protagonismo no cenário global.

Texto: Marisa Baida Diniz, Gerente da Divisão de Consultoria da STCP.

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